Após levar tiro, Cabañas vira padeiro e sonha com seleção paraguaia

Após levar tiro, Cabañas vira padeiro e sonha com seleção paraguaia
Ele era um dos principais jogadores das américas. E estava no auge da carreira. Mas, um dia, em uma boate, ele levou um tiro. Ficou entre a vida e a morte. Teve de parar de jogar.

Agora, ele acusa a ex-mulher e o empresário de terem roubado seu dinheiro.
e ensaia um retorno ao futebol no mesmo lugar onde tudo começou.

No campinho de Itaguá, ele sempre foi rei. E uma torcida toda cabia dentro do pai. Mas ele queria mais.

Salvador Cabañas virou ídolo no Paraguai e conquistou o mundo. Aos 29 anos ele achou que tinha tudo o que tinha sonhado. Mas, em uma noite, perdeu tudo. Ou quase tudo.

Foi em um bar, na Cidade do México. No banheiro de uma balada que ele sempre frequentava.

“Um cara entrou e me perguntou: ‘Você é o Cabañas?’ ‘Sim, muito prazer, em que posso lhe servir?’ Aí ele sacou a pistola. E disse: ‘Não, não vai me servir para nada porque você vai morrer’. Eu perguntei: ‘por que, se não fiz nada?’ e ele disse: ‘está ganhando muito dinheiro, roubando os mexicanos. E nós sofrendo, trabalhando muito pra pagar o que você ganha’. O que me lembro foi de estar no hospital, mais nada”, conta Cabañas.

Nessa época, o paraguaio jogava no América do México. Segundo ele, ganhava US$ 200 mil por mês.

“Estava no México aproveitando a vida. Me deram de presente dois apartamentos um Cancun e Acapulco. E eu estava passando muito bem”, diz Cabañas.

Foi jogando pelo clube mexicano que ele ficou marcado na memória dos brasileiros. Fez três gols decisivos para a eliminação do Flamengo da Libertadores em 2008.

E nas eliminatórias para a Copa da África Do Sul, estava à frente de uma surpreendente seleção paraguaia. Marcou um gol na vitória deles contra o Brasil por 2 x 0 na fase preliminar.

Seria um dos rostos da Copa do Mundo em 2010. Seria sua consagração. Seria se a poucos meses de embarcar para África não tivesse levado o tiro.

A bala nunca foi retirada do seu cérebro. Nesses quatro anos que se passaram, não saiu da reabilitação. Ficou internado no México, foi para a Argentina e depois para o Paraguai.

“O que mais fazia era natação. Natação e jogar ping-pong porque era muito lento e também como não enxergava bem, teria que fazer isso”, diz Cabañas.

Ele ainda tem a parte esquerda do corpo comprometida. E a memória.

Quando voltou a seu país natal, foi morar com a mulher em uma casa que diz custar US$ 5 milhões de dólares. Pouco depois se separaram. Hoje, Cabañas acusa a mulher de ter ficado com todo o dinheiro.

“Nós tínhamos uma conta conjunta. E ela colocou tudo em nome de familiares. E muitos familiares, porque era muito dinheiro: US$ 18 milhões”, conta Cabañas.

Tentamos falar com Maria Lorgia pelo telefone, mas a secretária disse que ela foi orientada pelo advogado a não comentar o assunto.

Por telefone, o antigo empresário de Cabañas, José Maria González, diz que o jogador não ganhou mais de US$ 3 milhões em sua carreira toda e que esse dinheiro foi gasto no tratamento do jogador.

No final da história, sem dinheiro, aos 33 anos ele voltou para a casa dos pais.

A equipe do Fantástico foi até o campinho em que o Cabañas aprendeu a jogar futebol. Mas isso virou passado para ele muito cedo. Aos 13 anos, ele virou jogador profissional. Agora, 20 anos depois, a região mudou pouco. E ele volta para esse lugar para tentar recomeçar.

Itagua é um município muito pequeno. Fica a 37 quilômetros da capital paraguaia, Assunção. Todos os dias a família recebe leite fresco que os vizinhos vendem de porta em porta. Cabañas ocupa um quarto, o único com ar acondicionado na casa dos pais. Ele reformou a casa quando ainda era jogador.

“Eu nasci em uma família humilde e sempre disse: ‘vou trabalhar, vou ajudar meus pais, vou ganhar dinheiro jogando futebol e vou fazer tudo o que quiser com o dinheiro. Vou ter uma casa mais ou menos e vou abrir um negócio para meus pais para que vivam bem’”, conta Cabañas.

Ele ainda era jogador quando abriu a padaria que fica nos fundos do quintal. Forno à lenha. Os pais e outros funcionários trabalham lá. E ele, agora, também.

“Eu hoje ajudo no negócio dos meus pais. Eu saio para distribuir os produtos que eles fazem. Um tio que saí para distribuir e eu saio com ele. Eu acordo muito cedo. Às 5h30. O que acontece é que queria morar com meus pais. E também ajudá-los. E é isso o que estou fazendo, vivendo com eles e ajudando na padaria”, revela Salvador Cabañas.

Ele faz jornada dupla. Todo dia, as 19h, ele vai até o clube que fica a algumas quadras de sua casa. Foi com o “Doze de Octubre” que ele assinou seu primeiro contato profissional, há 20 anos.

“É um ídolo no país, por tudo o que ele fez pela seleção e pelo time dele também. Então se a gente receber ele bem, com muita alegria, acho que vai se sentir bem aqui”, afirma Willian Schuster, jogador.

“É um aprendizado para os moleques. A força, a vontade que tem em seguir jogando. De fazer futebol com a gente. Eu creio que é muito importante porque ajuda muito, a cada um de nós a valorizar a vida cada dia mais”, diz Roberto Acuña, jogador

É ali que ele tenta começar tudo de novo.

“Até agora não encontraram um camisa 10 como eu. Vou voltar a jogar, como quando eu jogava na seleção. Ou talvez melhor. Quero jogar novamente na seleção do Paraguai. Eu vou voltar”, afirma Salvador Cabañas.

Todos os dias, quem o leva até o campinho é Dionisio Cabañas. O pai faz a mesma coisa que fez há 20 anos. E diz que fará quantas vezes for necessário. “Sempre o acompanhei. Desde pequeno até agora. E vou acompanhar por toda a vida. Sempre”, afirma Dionisio Cabañas.

Fonte: Site do Fantástico


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